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"O Problema na Amazônia é Educacional"
Capitão dos Portos da Amazônia Oriental desde fevereiro de 2001, o Capitão de Mar e Guerra Jaerte da Silva Bazyl dá um panorama dos principais problemas de segurança presentes na navegação praticada na Amazônia hoje.
Qual é o maior problema de segurança enfrentado por quem navega na Amazônia?
Nosso grande problema é educacional. Apesar de usar o rio para tudo, a população local desconhece totalmente as regras de navegação. Para piorar as coisas, a região tem se desenvolvido depressa e navios cada vez maiores têm trafegado por aqui.
Nos Rios?
Sim. Na Barra Norte do Amazonas (em Macapá), é comum o encalhe de grandes navios - uma a duas ocorrências por mês. Acontece que eles teimam em entrar no rio sem a ajuda do serviço de praticagem. Para quem não sabe, o prático é um profissional treinado pela Marinha que além da formação técnica é alguém que conhece bem a região. De qualquer modo, mesmo quando passam pela entrada do Rio sem problemas, essas embarcações acabam sendo uma ameaça para a população local. Imagine o deslocamento de água que um grande navio provoca ao passar? Pois não é raro o caso de pequenos barcos que simplesmente afundam quando um desses navios corta seu caminho.
O que deve ser feito para evitar esse tipo de acidente?
Um navio de grande porte tem dificuldade de manobrar. Assim, é natural que a embarcação menor se desvie. Essa regra é básica. Agora, a embarcação maior, por sua vez, deve diminuir a velocidade, senão...
Se não, o que?
Acontece que a população local não usa o colete salva vidas, o que aumenta muito o número de afogamento e mortes, consequentemente. Pouca gente sabe, mas aqui na Amazônia é comum ocorrerem também escalpelamentos.
Como assim?
O indivíduo cai da embarcação, é sugado pela hélice que prende seus cabelos, arrancando o couro cabeludo. É uma pena, mas acontece. Por conta disso, é importante evitar a superlotação nos barcos, respeitando o limite projetado.
Mas as embarcações não se equipam corretamente?
Os barcos amazônicos são simples - desprovidos de equipamentos. Para piorar as coisas, a manutenção ainda é relegada para segundo plano. Resultado: é bem comum por aqui, barcos ficarem à deriva por problemas mecânicos, causando ainda mais acidentes.
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