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Programa de Alfabetização de Pescadores
O Instituto Brasileiro de Segurança Marítima e Fluvial - SEGUMAR vem realizando, com o apoio do Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro-SAPERJ, uma avaliação do grau de alfabetização dos pescadores do Estado. A primeira fase de entrevistas teve lugar nas Instalações da antiga Fábrica Mantuano, cais da 88, atual Entreposto de desembarque de pescado, no período de 12/12/2001 a 28/01/2002.
Conceitos e definições - O levantamento, executado pela Professora Marlene Tarouco Corrêa da Silva, é o primeiro passo para um futuro Programa de Alfabetização, visando especificamente os pescadores. A pesquisa procurou identificar os analfabetos e os "analfabetos funcionais", isto é, aqueles indivíduos que sabem ler, juntando apenas as letras, mas não são capazes de interpretar o que leram (ver quadro ao lado - Saiba Mais).
Pesquisa e resultados - Duas vezes por semana, sempre às segundas e quartas-feiras, quando era maior o número de embarcações atracadas, pesquisadores do SEGUMAR procuraram aferir o grau de alfabetização dos pescadores, por intermédio de técnicas padronizadas.
Foram contactados 175 pescadores, para um conjunto de 26 embarcações, entre arrasteiros e atuneiros. Nesse universo, constatou-se a existência de 36 analfabetos e 37 analfabetos funcionais, correspondendo a 41,7% do total entrevistado. Apesar de existirem diferenças nos percentuais por tipo de pesca e da amostragem ter coberto apenas uma pequena fração da frota atuante no Estado, os índices obtidos são alarmantes.
Por exemplo, de acordo com os dados do censo do IBGE (2000), a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, nas áreas urbanas do Rio de Janeiro, em 1999, era de 4,0% para os homens e 6,3% para as mulheres. Quando se destaca apenas a região metropolitana, os percentuais são ainda menores (3,3% para os homens e 5,4% para as mulheres). Na zona rural, para todo o Estado, tem-se 21,4% para os homens e 21,9% para as mulheres; e apenas para a região metropolitana, 16,3% para homens e 13,2% para as mulheres.
É provável que esses números não incluam os analfabetos funcionais, porém, mesmo nesse caso o percentual observado nas embarcações de pesca (36 pescadores - 20,5%) ainda está muito acima da média registrada pelo IBGE para a área urbana do Rio de Janeiro.
Propostas e responsabilidades - Alfabetizar adultos e, especialmente, pescadores, que se mantêm afastados de suas residências por longos períodos, é uma tarefa árdua, que vai exigir perseverança de professores e alunos. A participação dos armadores torna-se essencial, como incentivadores e facilitadores desse processo, devendo-se ter em conta que passarão a dispôr de uma mão-de-obra infinitamente mais qualificada e capacitada para responder às exigências das novas tecnologias e da legislação pesqueira.
Outro ponto de igual relevância é a preservação do Meio Ambiente. Alguns armadores se mostraram bastante preocupados com o lixo (latas, sacos, garrafas plásticas e copos descartáveis) que vem sendo sistematicamente alijado ao mar pelos tripulantes das embarcações. Apesar de se constituir em prática usual ao longo do tempo, tem-se hoje como diferencial uma mudança de escala - o maior número de embarcações e o aumento significativo da quantidade de material descartável a bordo, com baixos índices de degradação e, por conseqüência, maior impacto ambiental.
Esses hábitos e atitudes só poderão ser modificados através do conhecimento, fortalecendo assim a necessidade da alfabetização e da escolaridade básica.
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A Conferência Geral da UNESCO de 1978 definiu como analfabeto funcional, "aquela pessoa que não pode participar em todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida, para uma atuação eficaz em seu grupo ou comunidade e que lhe permitam, assim, continuar valendo-se da leitura, da escrita e do cálculo matemático a serviço do seu próprio desenvolvimento e da sua comunidade".
O analfabeto, via de regra, tem dificuldades para buscar seus direitos e tende a viver em situação de alienação, em relação à sociedade, à preservação do meio ambiente e à sua própria condição humana e profissional. O analfabeto, muitas vezes, passa por situações de frustração, ansiedade e constrangimento, em função da impossibilidade de melhorar sua condição de vida.
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